terça-feira, 8 de maio de 2012

Crônica: Professor ou monge?


Ser professor nos dias de hoje é complicado, exigem de nós pobres coitados muito mais que a profissão requer, além de educador qualificado, claro, espera-se que sejamos psicólogos; façamos o papel do pai e da mãe; se o aluno não vai ao colégio ou desistiu, devemos criar estratégias para que o desinteressadinho volte à escola; se falarmos um pouco mais alto que o tom normal, a lei nos pune, isso é uma eca; devemos ser conciliadores; mediadores; perduadores, enfim, um monte de ores, perdoar sempre, mesmo que os alunos nos quebrem o carro, a cara ou sei lá mais o quê, e, ainda por cima devemos trabalhar por amor, porque ser professor é ter um dom que vem do âmago do ser, seremos quem sabe em breve discípulos de Mahatma Gandhi, pois só nos sobrará dinheiro para comer pão e água; acho que o sistema imagina que vivemos de amor à profissão e que não temos fome, fome de viver bem. Será que as outras profissões são movidas a Amor? Sei não... Penso eu que em alguns casos esse amor deve está batizado, como em alguns postos de gasolina que abasteço meu carro, já que tantos erros são cometidos, médicos que ao invés de salvarem, matam ou alegam; engenheiros que ao invés de construírem, desmoronam; políticos que deveriam defender o interesse público, defendem o próprio; sei não, sei não... Concordo que todo profissional deve trabalhar com amor, mas só por amor, me poupem! Nem o Papa, nem o Presidente da República fazem isso, imagine eu e você que somos professores, que viemos de famílias assalariadas, temos tanto direito de viver com o mínimo de conforto e com a dignidade que nos confere, que qualquer uma destas outras profissões, que passam por nós, e isso já fala por si só. Somos o MÁXIMO! Somos o princípio, meio e fim - Princípio porque todos começam por a gente. Meio por termos que criar meios de sermos polivalentes, pragmáticos e resilientes. E por fim, o Fim porque nos fins das contas ficamos sempre no rabo da gata quando se trata da real valorização do professor, as propagandas são muitas e emocionantes, mas as ações são pouquíssimas e insatisfatórias.
“É o sistema...” como diz Tropa de Elite, nos exigem muito e pouco nos oferecem, querem que mudemos e transformemos o mundo, mas não fazem nada por ele. Tenho orgulho da minha profissão, o prazer que sinto na sala de aula é tremendo, oras SOU PROFESSOR! Não é pouca coisa não! Mato um leão a cada dia, e se não tomo cuidado ele pode me matar.

E o salário oooo...

Por Adriana Carvalho

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